
ENSAIO SOBRE AS NUVENS
JANAINA SCHVAMBACH
ESPAÇO FERNANDO BECK | 04 DE MAIO A 21 DE ABRIL DE 2019
Como um grande arquivo, os trabalhos transitam entre diversas apresentações da forma nuvem: a nuvem como uma metáfora que se transforma e se molda como o observador. As imagens capturadas se mesclam em narrativas pessoais da vivência da artista. Infância, sonhos, sentimentos de finitude e impossibilidades permeiam a linha poética do ensaio. Janaina Schvambach é professora do Instituto Federal do Rio Grande do Sul em Lajeado, no Rio Grande do Sul, e cursa doutorado em Artes Visuais na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). A mostra integra a Edição 2019 do Circuito Propagações, uma parceria entre a Fundação Cultural BADESC e o Sesc/SC, tendo circulação pelas cidades de Florianópolis, Lages, Joaçaba e Jaraguá do Sul.
APRESENTAÇÃO
Nuvem. Transitar entre diversas formas, variação que depende essencialmente da natureza, dimensões, número e distribuição espacial das partículas de água que se constituem pelas correntes dos ventos atmosféricos. Diferenças de figuração e cores que se dão através da intensidade da luz que recebe do sol, da lua, dos raios; bem como das posições relativas ocupadas por quem as observa. Para a artista e observadora Janaina Schvambach, capturar nuvens por meio do processo fotográfico é construir um grande arquivo em constante desterritorialização para além da matéria. Nuvem como metáfora atribuída à existência, em que o observador também se transforma e molda-se tal qual a passagem de uma vida, tal qual como um corpo em estado de mudança. Entre a presença e a ausência, entre a matéria e o espírito, entre estar e não ser mais aquilo que se era. Nuvem é sempre processo e sempre uma outra paisagem. Transformação. Lugar de passagem. Arquivo móvel que não captura um instante, pois sabe que não se é imagem congelada. Arquivo que não recusa o esquecimento, pois sabe ser camada, como na constituição da memória, entre lembranças e seus lapsos. Arquivo que desenha e redesenha o tempo, por possíveis existências-nuvens que se formam e se dissipam. Ver, como no ato fotográfico, remete-nos não apenas a uma relação exclusiva com a presença, abarca também uma relação intensiva com a ausência. Construção que molda e desmolda, bordas imprecisas, borramentos, miragens, inquietação do olhar que caça, investiga e, como no arquivo, abandona. As imagens capturadas por Janaina colocam-nos em situações de abertura e brechas, inquietam-nos na medida em que nos interrogam a pensar que “todo olho traz consigo sua névoa, além das informações de que poderia num certo momento julgar-se o detentor”¹ . Registram uma estética dos rastros e do desaparecimento, do “entre”. Imagem-dialética, que sabe colocar os instantes em movimento.
¹ DIDI-HUBERMAN, Georges. O que vemos, o que nos olha. São Paulo: Ed. 34, 1998, p.77.
Juliana Crispe
CIRCUITO PROPAGAÇÕES
Quatro cidades catarinenses, Florianópolis, Lages, Joaçaba e Jaraguá do Sul, receberam em 2019 o Circuito Propagações, parceria entre o SESC em Santa Catarina e a Fundação Cultural Badesc. Janaina Schvambach foi umas das selecionadas deste ano para circular o Estado com sua exposição “Ensaio sobre as Nuvens”, em uma parceria entre as duas instituições.
A prerrogativa do projeto é realizar circulação de exposições de artistas catarinenses, com o objetivo de promover as artes visuais por Santa Catarina.
Em cada Cidade, a exposição ganha uma perspectiva especifica, ao se adequar aos espaços expositivos das Galerias de Arte do SESC e também no Espaço Fernando Beck da Fundação Cultural BADESC. A produção da mostra foi de Francine Goudel.
Abaixo, alguns registros das produções e montagens da exposição pelo Estado.
