DE TANTO QUE SE VAI, ALGO FICA
ISADORA STÄHELIN
CURADORIA DE JULIANA CRISPE
ESPAÇO 2 | 15 DE SETEMBRO A 19 DE OUTUBRO DE 2017
Exposição contemplada pelo Edital 2017 na categoria Primeira Individual, apresenta registros e recordações de caminhadas feitas pela artista em seu processo de observar cenas que normalmente passam despercebidas na paisagem urbana. Os trabalhos se inserem na proposta contemporânea de reforçar o potencial poético das coisas banais, provocando a percepção da ação de transformar o entorno, da possibilidade de fazer de cada espaço, um lugar-outro. Isadora Stähelin é formada em Artes Visuais pela Universidade do Estado de Santa Catarina e realizou intercâmbio na Universidade Nacional Autônoma do México, na Cidade do México.
APRESENTAÇÃO
Algo se nos queda 6, 2016. Transferência de fotografia analógica sobre papel, tamanho original 30x20cm. Com um olhar atento ao despercebido para a maioria dos passantes da cidade, Isadora Stähelin explora, como poética, o que pode parecer banal para, assim, pensar nas importâncias dos espaços e objetos.
A exposição “’ De Tanto que se vai, algo fica” apresenta recordações de vivências em bairros e de caminhadas atentas à paisagem urbana entre o México e o Brasil. A artista apresenta três séries: o Objeto-Fato 0, em fotografia e texto; os desenhos de abandono e uma série construída em transfer (transferência de fotografia analógica para papel algodão de alta gramatura). Todas as séries apresentadas buscam retratar lugares e objetos do cotidiano em estado de descarte e descaso. Os trabalhos de Isadora provocam-nos a perceber a ação de transformação do entorno e a extrair a possibilidade de fazer, de cada espaço, um lugar-outro.
O que há de potência dos aparentes abandonos, dos objetos em desuso, nos supostos espaços vazios? Cada percorrer por esses espaços, objetos que se esvaem em processos de desaparição, o que fica? O que torna íntimo esses lugares se não a vivência com eles?
O que a artista propõe em sua sutil deriva pelas cidades é criamos pausa para os encontros, com um olhar demorado, com um pensamento que percorre os silêncios dessas paisagens/abandonos.
Juliana Crispe | Curadora