DILEÇÃO DIREÇÃO (OU AFETOS TRANSPOSTOS), de Jan M.O.

Exposição Dileção Direção (ou afetos Transpostos), de Jan M.O.

DILEÇÃO DIREÇÃO (OU AFETOS TRANSPOSTOS)

JAN M. O.

CURADORIA DE JULIANA CRISPE

ESPAÇO FERNANDO BECK | 08 DE ABRIL A 20 DE MAIO DE 2022

Exposição Dileção Direção (ou afetos Transpostos), de Jan M.O.
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APRESENTAÇÃO

Exposição Dileção Direção (ou afetos Transpostos), de Jan M.O. Exposição Dileção Direção (ou afetos Transpostos), de Jan M.O. Exposição Dileção Direção (ou afetos Transpostos), de Jan M.O. Exposição Dileção Direção (ou afetos Transpostos), de Jan M.O.

A exposição Dileção-Direção (ou Afetos transpostos) de Jan M.O. propõe pensar relações entre lembrança e acontecimento que partem do tempo do vivido para ganharem novas dimensões na Arte. Memórias e Afecções pessoais ou de outras pessoas são forças motriz para a produção do artista, que se dão em obras de linguagens múltiplas, entre gravuras, dese-nhos, instalações e objetos. A memória aqui está não só como relato, mas como ficção, que deslocada pro-jeta-se para possíveis contágios dos espectadores, nas relações entre memória do artista e a das susci-tadas e provocadas no público. Morte, perda, renasci-mento, lembrança-esquecimento, reinvenção; são dobras que operam nesta exposição.

As palavras Dileção = afeição e estima consciente, e direção = ato ou efeito de dirigir ou apontar, intitulam esta exposição como os caminhos possíveis e trans-portados de vivências e sentimentos desdobrados no tempo presente.

Como em Palimpsestos, que em sua origem, dá-se através de pergaminho ou papiro cujo texto inicial é eliminado para permitir a reutilização para composi-ção de outros textos, criando assim fantasmas tem-porais que se contaminam; as obras de Jan realizam esse processo de raspagens e acúmulos, formando pelas lembranças, camadas possíveis nas relações temporais produzidas pelos acontecimentos.

Diante desses acontecimentos, que pode ser pensado conceitualmente pela via do filósofo francês Gilles Deleuze as obras são como vapor que sai dos estados das coisas, não se confundindo com elas, mas se transportando por outros modos. O acontecimento não é da ordem do tempo classificável, o tempo cujos instantes se sucedem, mas da ordem do devir, o qual pertence ao tempo da imanência.

Perante estes movimentos dos tempos que se sobre-põem, no que se instala nesse entretempo, o que Jan faz é coexistir o tempo para além da definição ordiná-ria que temos dele, prolongando em novos modos de ser e o reinventando em seu processo criativo.

O que o senso comum pensa sobre o tempo e a me-mória efetivasse em um segmento linear, de um su-jeito que no presente rememora o passado e deseja algo para o futuro. Essa temporalidade linear em que esses três movimentos (passado-presente-futuro) são aparentemente descontínuos e estáticos entre eles é também o que Deleuze propõe abalar a partir das leituras que faz do também filósofo francês Henri Bergson. Deleuze como Bergson compreende o tempo como não linear, ao invés de uma linha de tempo, tem-se um emaranhado de tempo que se cruzam, se fissuram, criam novas camadas do vivido, um labirinto de múltiplos caminhos; tempos que se perfuram e se retomam como outro no agora. Um sempre outro…

Juliana Crispe | Curadora

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