EPIFÂNICAS
CLARA FERNANDES
CURADORIA DE ROSÂNGELA CHEREM
ESPAÇO FERNANDO BECK | DE 23 DE JULHO A 09 DE AGOSTO DE 2015
A maioria das nove instalações de Epifânicas se aproxima do habitat onde a artista mora – o interior da Ilha de Santa Catarina – apresentando elementos da flora nativa como é o caso da embiruçu e da sibipiruna, de onde são extraídos materiais para confecção das obras. É por meio destes materiais naturais em suportes de metal, madeira e seda que a artista explorou as escrituras dos profetas maiores, fazendo coexistir etéreo e terreno numa concepção expandida do tempo. A exposição parte de tecidos, objetos, instalações, desenhos e tramas criados, a princípio para uma proposição performática pensada a partir de leituras e reelaborações sobre textos bíblicos e mitologia, que referencia plástica e metaforicamente a presença de deuses e santos, musas e anjos. Clara Fernandes nasceu em São Paulo, estudou na faculdade de Psicologia da PUC/SP e na Escola de Comunicações e Artes da USP. Vive e trabalha em Florianópolis desde 1983.
APRESENTAÇÃO
Exposição Epifânicas, de Clara Fernandes.
Através de uma série de objetos e tramas, nesta exposição surge uma compreensão de tempo em que coexistem efêmero e perene, presença e vestígio como atributos paradoxais.
O sentido de verticalidade, leveza e flutuação permite que uma presença divinal ou proximidade celeste se insinue. Proveniente de um conjunto de leituras e reelaborações sobre textos bíblicos e de mitologia, a artista referencia plástica e metaforicamente a presença de deuses e santos, musas e anjos.
Se a noção de Epifania como revelação valeu para os chamados reis magos que, seguindo uma estrelas, chegaram ao deus menino, também parece valer ainda para o mais comum e falível dos mortais que busca seguir a estrela de seu destino, embora não saiba bem qual direção tomar e o porquê da empreitada.
Num tempo movido a insignificâncias hipervalorizadas, vulgaridades e banalidades midiáticas, a revelação epifânica não poderia ser pensada também como uma projeção do desejo que nos projeta para longe das nossas garantias? E não seria esse, afinal, o encontro que espera o espectador diante das obras de Clara Fernandes?
Rosângela Cherem | Curadora