EXPRIMÍVEL DO VAZIO
JULIANA HOFFMANN
CURADORIA DE JULIANA CRISPE
ESPAÇO FERNANDO BECK | DE 20 DE JULHO A 24 DE AGOSTO DE 2017
A artista ressignifica plasticamente o que resta de livros e objetos em ruinas, destruídos por traças e cupins, como forma de expressar a passagem do tempo e suas reminiscências. O material bruto provém, em grande parte, da biblioteca da família, que guarda as memórias da paixão do pai pela literatura e influencia singularmente a sua formação. A mostra, selecionada pelo Edital 2017, também foi escolhida para inaugurar o Circuito Propagações, parceria entre SESC/SC e Fundação Cultural Badesc que visa promover a circulação em Santa Catarina. Além do Espaço Fernando Beck, em Florianópolis, Exprimível do Vazio foi apresentada em Chapecó, Jaraguá do Sul e Joinville. Juliana Hoffmann nasceu em Concórdia/SC e hoje vive e trabalha em Florianópolis/SC. Já realizou residências na França, EUA, e Espanha.
APRESENTAÇÃO
Exposição Exprimível do vazio, de Juliana Hoffmann. Fonte: Juliana Hoffmann. Exposição Exprimível do vazio, de Juliana Hoffmann. Fonte: Juliana Hoffmann.
As obras que marcam a trajetória da artista Juliana Hoffmann estão envoltas pela memória, em um movimento de repetição e diferenciação, por onde as imagens retornam, modificam-se e ressignificam-se em cada composição. Nesse atravessamento, a artista vem construindo obras que partem do repertório do vivido.
Em sua nova exposição, Exprimível do vazio, Juliana foge das telas, pinturas, fotografias e imagens postas, para transitar entre composições que partem de livros corroídos e transformados pelo tempo. Continua a trabalhar com a reminiscência, mas por nova materialidade carregada de intervalos-vazios como marca.
Por trás dessas obras, percebe-se a base literária da infância, que permeia a vida da artista. Juliana traz essa informação que ficava lá, oculta em seu passado, como referência para construir novas obras-paisagens-retratos-ficções, que estão presentes na série. Os personagens desse enredo diluem-se em palavras e lacunas, a língua inglesa, que se tornou marca para a família, como profissão dos pais, irmãs e da artista; em sua vivência diária entre a língua estrangeira e a natal, estas entrelaçam a esse conjunto que reverbera novas estratégias para falar, ou calar, aquilo que retorna como um sempre outro.
O que se reconhece de íntimo em sua produção nessa nova série de livros corroídos pelas traças e cupins é a memória, que retorna como meio e conceito em suas instalações, mostrando-se embaçada e perfurada, carregada de vazios, que se tornam a força do trabalho. As linhas vermelhas que percorrem algumas obras é marca de trabalhos anteriores da artista, estão postas como tentativa de retenção da memória através das amarras, para que nem tudo se esvaia. Reter, segurar o vazio, completar as frestas com novas possibilidades. Exprimir do vazio não o caos, mas novas potências.
Juliana Crispe | Curadora
CIRCUITO PROPAGAÇÕES E CATÁLOGO DA MOSTRA
Quatro cidades catarinenses, Florianópolis, Chapecó, Jaraguá do Sul e Joinville, receberam em 2017 com o Circuito Propagações, parceria entre o SESC em Santa Catarina e a Fundação Cultural Badesc. Juliana Hoffmann foi a selecionada deste ano para circular o Estado com sua exposição “Exprimível do Vazio”, em uma parceria entre as duas instituições.
A prerrogativa do projeto é realizar circulação de exposições de artistas catarinenses, com o objetivo de promover as artes visuais por Santa Catarina.
Em cada Cidade, a exposição ganha uma perspectiva especifica, ao se adequar aos espaços expositivos das Galerias de Arte do SESC e também no Espaço Fernando Beck da Fundação Cultural BADESC.
Por fim, a exposição reverberou na edição e publicação de um catálogo organizado por Rosângela Cherem e Eneléo Alcides que reúne sete artigos sobre a produção de Juliana Hoffmann. O catálogo homônimo da exposição está disponível ao clicar na imagem acima.