MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA
SHEILA ORTEGA
ESPAÇO FERNANDO BECK | 21 DE JULHO A 25 DE AGOSTO DE 2016
Uma fração do ambiente doméstico é deslocada de sua situação original para adquirir um novo significado: desenvolvimento de um pensamento sustentado no conceito de natureza-morta e estudo de composição na tradição da pintura. Sobressai a ideia de colecionar o que não se coleciona: a memória do acúmulo. Sheila Ortega é graduada em Artes Plásticas e mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista. Natural de São Paulo/SP, é docente da Faculdade Paulista de Artes e do Centro Universitário Metropolitano de São Paulo.
APRESENTAÇÃO
Exposição Manual de Sobrevivência, de Sheila Ortega. Nesta exposição o trabalho da artista Sheila Ortega nos indaga sobre o ambiente que nos circunda. A artista nos transfere para diversos espaços: a cozinha, a sala, o quarto, a lavanderia como também para a rua, a cidade e espaços urbanos.
Os objetos escolhidos são comuns, facilmente identificáveis, pois pertencem ao nosso universo contemporâneo. O acúmulo e excesso desconstroem a unidade de cada objeto selecionado cuidadosamente, o resultado deste trabalho sugere um diálogo entre objetos, entre cores e composição, transcendendo suas características particulares e pertinentes às suas funções. A soma e o acúmulo formam nesta obra uma rede única de inter-relações visuais.
Os objetos são esvaziados de sua utilidade, arrancados de sua condição natural e adquirem um novo significado. É diante dessas considerações que a artista se questiona: “Por que nos afeiçoamos às coisas? Por que guardamos objetos e os acumulamos? Quais sentidos os objetos nos reservam? Por que guardamos tanta memória em forma de objetos? Quais são as memórias que dispomos para compor nossos manuais de sobrevivências”?
Quando a artista se pergunta a respeito do acúmulo de objetos, ao sentido que estes nos reservam, não há uma preocupação com os fatos em si, mas sim, com o significado que eles têm para o sujeito que o experimenta. A exposição Manual de Sobrevivência pode provocar reminiscências de um tempo particular, memórias e histórias que não têm como não passar pela emoção e afeto.
Jean-Jacques Vidal