O SUL SÃO MEUS PAIS, Coletiva

O SUL SÃO MEUS PAIS 

CENORA • ESTELA CAMILLO • GUSTAVO MAGALHÃES • HÉRCULES SCAPO • JOÃO MATHEUS

CURADORIA BABEL BABEL 

ESPAÇO FERNANDO BECK | DE 27 DE JULHO A 14 DE SETEMBRO 

O Sul brasileiro, além de um lugar geográfico, ocupa um espaço no inconsciente coletivo nacional. A “Europa brasileira” se tornou jargão para se referir de forma irônica aos três estados, que além do clima frio possuem outras similaridades com o continente, devido a intensa migração que aconteceu no passado, hoje conhecido pacto de embranquecimento do país.

Esse não lugar que se procura afincado, de vez, se tenta disfarçar que nada é tão concreto quanto lá fora, como se aqui fosse um pedaço largado à xucridão. A sorte como suporte é a peleia da forma como a sorte trabalha, fora do eixo sudestino e, largado demais da parte de cima do país, pensar o lugar da pintura e o lugar do retrato na casca das pessoas xucras que habitam esse lugar.

Brasil, tríade sulista, se esbarrar e conceber uma nova fantasia narrativa imagética, é pegar na mão a ideia pré-concebida a nosso respeito. Do que sou eu e do que é tu. Ora, quem pode falar de nóis, senão nóis mesmos? O Sul brasileiro que vira objeto a partir do processo individual dos artistas e busca sua consolidação estético-poética por meio de proposições que colocam em discurso os processos de subjetivação.

Se unem em corpo coletivo por meio das relações possibilitadas pelas interfaces digitais. Acionam o desejo de transfigurar a cronografia sulista, sugerindo um outro prisma, que mira os olhos, no que nos abandona, no que abandonamos, e o que deixamos por abandonar.

Abandono daquilo que poderia ter sido. Mira os olhos no que ora, no que vigia ou zela esse lugar paciente por impossibilidade. Por pesquisar o não lugar com afinco que tornam a costa, as costas das pinturas e seus pés e mãos. Por partilhar do lugar afetivo em que coloca a pintura e o retratar, até mesmo as despedidas na Ilha de Santa Catarina. Por conversar com seus vizinhos bairristas em retratos, em manchas acertadas de fisionomia e lugar comum. Tomando nota de outros artistas sulistas brasileiros in the zap.

O desejo de ser soberano da própria vida, ser artista vivo com outres artistas vivos. Se encontra na curva do rio a coceira da narrativa curatorial hegemônica, e de olhar esse Brasil Sul colônia pensando juntos as políticas de representação na história da arte.

Brincar de cânone, brincar de não brincar de cânone. O cânone do artista, do curador e do museu. Como a curadoria opera, produz, age, reage. Quem representa, a quem serve a representação e quem é representado.

Se retratar no desejo de fazer ser soberano da própria vida, encaixotando em caixas de feira o que deste Sul, que nossos pés e mãos cabem, já tomamos por nosso. Natureza morta from sacolão speranza o piá ruivo estranho num barco chamado esperança com Deus, sem título ou pardo

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