SILÊNCIO
FABIO DUDAS
ESPAÇO 2 | 03 DE AGOSTO DE 2017 A 06 DE SETEMBRO DE 2017
O silêncio é o elemento dominante nos trabalhos apresentados nesta exposição. O silêncio no sentido de não falar, não contar um segredo. O silêncio omisso. O silêncio do luto, da resignação, do inexprimível. A quietude ressoa na dimensão das obras, na escolha das cores, na representação sóbria e escassa. O sentimento perpassa paisagem, retrato, natureza morta. Fabio Dudas é formado em Pintura pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Natural de Telêmaco Borba/PR, vive em Florianópolis/SC.
QUIASMA
A questão do silêncio não é nova na história da arte. Nas tradições pictóricas, o olho quase sempre equivale à voz da alma. Sopro e dores em suspenso, algo súbito sempre escapa do corpo, é o olho que traz o inaudível. As pinturas de Fabio Dudas enaltecem a linguagem do sentimento. Um instante, uma nuance, uma dor nada pacífica, a perplexidade. Minimalistas, rostos quase espectrais, paisagens de vazio e objetos frios que, incontidos, trazem de dentro o parece se espalhar para fora de si. Na fatura, no conceito, na contenção, uma pintura que pensa o vazio e os escombros, propõe uma mudança mental e que, pela sutil conexão estabelecida com o tempo e o espaço contemporâneos, se impõe como um imperativo político.
Néri Pedroso | Jornalista
A Mudança, Fabio Dudas, 2015. Acrílica sobre tela, 70x50cm. A Casa, Fabio Dudas, 2016. Acrílica sobre tela, 18x24cm. Skatepark, Fabio Dudas, 2016. Acrílica sobre tela, 80x60cm. Genie ao Espelho, Fabio Dudas, 2016. 18×24 Genie ao Espelho, Fabio Dudas, 2016. 18×24
O silêncio é o elemento predominante nos trabalhos apresentados nesta exposição. O silêncio dos quadros, objetos inanimados que ao mesmo tempo reverberam sua representação imagética. O silêncio da fotografia e de frames de cinema, pontos de partida para a criação destas cenas. O silêncio no sentido de não falar, não contar um segredo. O silêncio omisso. O silêncio do luto, da resignação, do inexprimível. Como fio condutor, o silêncio propõe um diálogo sem palavras entre os trabalhos apresentados, ao mesmo tempo em que revela uma desconexão entre eles, gerando uma quase negação na relação entre um e outro.
A pergunta que se pode fazer diante da conexão ou não destes trabalhos e diante de uma realidade muda, vazia, é de que então não há nada a ser representado? Mas silêncio pode também significar o meio de comunicação, o conteúdo. Aqui, a narrativa é sugerida, como em ‘A casa’, ‘Mudança’ e ‘O copo’, trabalhos que se constroem como cenas de um filme, aproximando o espectador como uma lente em zoom, configurando uma espécie de procura pelo sentido dentro do sentido.
Numa época multimídia em que a imagem se torna banal, há algo de exibicionista, ou mesmo trágico, numa técnica essencialmente virtuosa. Para alcançar essa aparente inércia do silêncio nos trabalhos aqui apresentados, a técnica é um veículo, mas intencionalmente secundária, levando o espectador a direcionar o olhar para a essência da imagem, a essência da representação.
Fabio Dudas