Isqueiros furtados, bitucas, sedas, e versos de embalagens de cigarro compõem a coleção insólita da exposição, uma provocação a quem fuma, mas também a quem nunca fumou e um dia pretende dar uma tragada.
Caro Fumante: tem uma ordem matemática, uma lógica de produção industrial, com efeito pragmático sobre uma sociedade de fumantes. Uma das peças será um texto em linha vertical com o nome das 4700 substâncias contidas e expelidas na queima do cigarro.
Giorgio não fuma e detesta cigarro. A ideia de Caro Fumante: surgiu da observação do artista em torno de pessoas que tem o vício e não conseguem deixar de fumar, mesmo sendo inteligentes e sabedoras do mal provocado pelo fumo. Ainda assim não conseguem se livrar deste dispositivo invasivo.
A reflexão do artista sobre o “fumar” ocorre desde 2006. Foi quando começou a furtar cigarros de amigos, que de acordo com uma lógica própria, seria uma tentativa eficiente de impedir o ato de fumar. Estes cigarros serão apresentados individualmente, envelopados em sacos plásticos, como uma evidência criminal.
A coleção de isqueiros furtados é formada por mais de 200 peças e o montante de bitucas é de 7.300, que apontam para o consumo anual de cigarros de um fumante mediano. Noutro espaço da exposição, o artista vai apresentar os textos estampados nos versos dos maços, que apontam para os malefícios do fumo.
Um grid com centenas de cigarros tem seu título representando o tempo de queima evitado para esta quantidade de fumo. Em duas telas de vídeo serão exibidas sequências de imagens que mostram desde o instante em que se abre a embalagem de isqueiro, sendo repetidamente acendido e apagado até acabar o gás, criando referência para o cálculo de quanto os isqueiros roubados deixaram de acender.
O artista
Giorgio Filomeno não é acumulador, é arquivista. Não é obsessivo compulsivo, é perfeccionista. Não é control freak, é exigente. Não é alienado, é delirante. Não é visionário, é prospectivo. Não é irresponsável, é persistente. Não é megalomaníaco, é excêntrico. Não é sociopata, é efêmero. Não é ladrão, é artista.