ASTRONAUTA DE PANO
JÉRÉMIE BONHEURE • DEBORAH SEIXAS XAVIER • NAIARA ALICE BERTOLI • RUTH STEYER
CURADORIA DE JÉRÉMIE BONHEURE
ESPAÇO FERNANDO BECK | DE 06 DE ABRIL A 25 DE MAIO
Hoje é mais um dia de testes com os equipamentos.
Daqui o Sol brilha tempo o suficiente para acordar, realizar os testes de envio de mensagem até que ele encoste do outro lado da montanha. O planeta possui uma lua.
Todo dia eu caminho, investigo o vento, teço as rotas das constelações, afino as harpas eólicas…
Todo dia eu penso qual mensagem eu quero enviar.
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Contrário à imagem do desbravador/explorador científico terreno, de bravura indomável e curiosidade inconsequente, nos, “viajantes”, não somos lançados no espaço para observar, colecionar, quantificar informações sobre a terra de contato.
Durante a nossa formação, nos explicaram mil vezes o papel e cargo de deslocar-se na terra de contato com “afeição intima”. A transgressão de limites e territórios é táctil, de um atrito leve, afetuoso. Não por “perfuração, corte, incisão, penetração” como aconteceu na formação de Exploradores, Desbravadores, Colonizadores. Uma outra redefinição da nossa função é de deslocante dedicado.
Devemos possuir uma essência cuidadosa em relação a terra onde nos deslocamos e para com seus observadores-comunicadores.
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Todo dia circulam mensagens entre o céu e o deserto. Na beira das dunas, caminho sobre galáxias, desvio de algum buraco negro no roxo das plantas, ou dos hiperespaços dos espelhos que criam depois das chuvas.
Demorei para enxergar os habitantes daqui, os Seres de Vento. Estava tão concentrada em conseguir localizar as chaves telepáticas.
Cada ser ou elemento são possibilidades de deslocamento/mensagens. As enxurradas de areia reorganizam o planeta numa enxurrada de pixels incontáveis.
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Todo dia eu teço e reteço a memória das estrelas da minha galáxia, esperando que minha mensagem seja bem orientada.
