CORPO VENCIDO
JÚNIOR SUCI
ESPAÇO 2 | 02 A 30 DE AGOSTO DE 2018
A exposição é composta por duas séries: Desenhos de Objeto, que em pequenos formatos de imagens duplas propõem diálogos entre o objeto e o rastro que ele deixa no contato com o material do desenho; e Corpo Vencido que mostram ações do corpo sobre objetos triviais como uma lâmpada ou um rolo de fita adesiva. O artista parte da relação de dependência que o indivíduo contemporâneo estabelece com os objetos ao seu redor na busca por conforto e facilidade que, às vezes, pode se transformar em frustração. Júnior Suci é graduado em Artes Plásticas pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), mestre e doutorando em Artes Visuais pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Vive e trabalha em São Paulo.
APRESENTAÇÃO
Jogo perdido I a VII, 2018. Grafite e lápis de cor sobre papel craft amassado, 21x 20cm.
Uma única folha de papel pode destroçar um coração, evocar rebeliões, começar uma guerra ou simplesmente cortar o dedo de quem a possui em mãos. Independente da condição, em branco, preenchida por imagens ou palavras, o papel sempre poderá ser uma arma, e é um desafio saber usar a ponto de transformá-la numa ferramenta de ataque e de defesa. A necessidade de reagir a uma dada situação faz com que aquilo que esteja ao alcance das mãos (até mesmo um papel) atue como um aliado para quem o manipula ou uma ameaça para sua vítima.
Tesoura, faca, alicate ou um mero cortador de unhas são elementos banais que têm em comum o poder de atravessar, rasgar e obstruir. São instrumentos que podem cortar, ferir e até mesmo matar alguém. Porém, não somente aqueles que possuem características cortantes podem exercer a função de uma arma, qualquer objeto quando manipulado com esta intenção é capaz do mesmo, seja ele um saco plástico, um lenço de assoar o nariz ou um pedaço de pano. Pois, quando um material banal como esses vencem o corpo da vítima, concomitantemente eles superam também seu propósito funcional inicial.
Trata-se de exercer um novo desempenho, de ser manipulado até se transformar no inesperado. É com essa consciência que Júnior Suci dilata o entendimento do objeto representado e daquele que o maneja. A intimidade do artista com a natureza das coisas que o cercam fazem com que assuntos e elementos triviais, como abrir uma garrafa d’água ou se disfarçar, tornem-se “grandes eventos”. É sob esta ótica que Corpo Vencido apresenta desenhos, fotografias e vídeos que exploram as muitas nuances desta relação de tensão e harmonia entre coisa e homem.
Julho, 2018
Paula Borghi