DIÁLOGOS EXPOSTOS, Coletiva

Diálogos Expostos (5)

DIÁLOGOS EXPOSTOS

COLETIVA DE CURADORES E ARTISTAS QUE MARCA A INAUGURAÇÃO DO NOVO ESPAÇO EXPOSITIVO DA FUNDAÇÃO CULTURAL BADESC

CURADORIA GERAL DE ENELÉO ALCIDES

INAUGURAÇÃO DO ESPAÇO 2 | 07 DE JUNHO A 31 DE JULHO DE 2014

A Direção da Fundação Cultural Badesc desafiou 10 empreendedores culturais para que apresentassem 10 artistas na inauguração do Espaço2. Como elementos integradores, uma sugestão e uma exigência: que as obras contenham o vermelho como cor dominante e que os participantes fomentem o diálogo. A cor dominante (não necessariamente predominante) é uma referência a logo inaugurada. Já o diálogo é a ação propositiva central que se pretende firmar.

O Espaço2, recém-nascido, desenhará seu ethos ao longo de diálogos com o público, com os setoriais da arte, com as manifestações mais espontâneas da cidade. Já começa organicamente a se espalhar pelo casarão: compartilha com o Cineclube uma parede aberta às movimentações culturais; dali certamente ocupará a escadaria e os corredores superiores da Fundação; abre as portas da sacada superior para a envolvente vista dos jardins, outro espaço que pretende conquistar em breve, levando a Arte para mais perto da rua. Para este evento, criou-se um túnel anexando a sala de oficinas e permitindo aos vídeos dança e performance expressarem-se em um ambiente novo.

Os espaços públicos de arte e cultura possuem muitas obrigações, divulgar o talento dos artistas, apoiar novas expressões, preservar memórias, disseminar conhecimento, garantir a fruição, abrigar a diversidade, agregar e mediar pessoas. Polifonicamente, o Espaço2 inaugura-se com encontros: de artistas que trabalham diferentes linguagens e expressões, aparentemente dessemelhantes, mas apropriadas a interação; de interlocutores que atuam em diversos universos e, aqui, gentilmente coassumem um papel curatorial corajoso, emprestando seus olhares sobre a produção contemporânea, apresentando obras e dialogando com a proposta da diretoria; do público apreciador, conhecedor ou profissional da arte, que compartilha na Fundação Cultural Badesc as certezas e incertezas dos movimentos e das políticas culturais da nossa época.

Nessa atmosfera, os DIÁLOGOS ESTÃO EXPOSTOS: nas conversas possíveis entre os curadores, artistas e produtores; nas obras que ora se namoram, ora não, mas que suscitam o refletir, o ressignificar, o repensar processos e procedimentos, em consonância com o pensamento de Jacques Rancière, para quem a Arte e a Política só são autênticas quando ocorrem a partir da multiplicidade de manifestações, no encontro discordante das percepções individuais.

SANDRA MAKOWIECKY apresenta JULIANA HOFFMANN

NÉRI PEDROSO apresenta FRANZOI

ISABELA SIELSKI apresenta KELLY KREIS TAGLIEBER

DIEGO DE LOS CAMPOS apresenta ANDRESSA PROENÇA ROSA

NILTON TIROTTI apresenta INVERSO DESIGN

PHILIPPE ARRUDA apresenta MARCO GIACOMELLI

NEIDE SCHULTE apresenta ISABEL POSSIDONIO

BÁRBARA REY apresenta ADILSO MACHADO

RODRIGO GARCEZ apresenta GREGORI HOMA

ACÁCIO PIEDADE apresenta DIOGO DE HARO

Exposição Diálogos Expostos, coletiva. Fotografia de Sandra Alves.
Exposição Diálogos Expostos, coletiva. Fotografia de Sandra Alves.
Exposição Diálogos Expostos, coletiva. Fotografia de Sandra Alves.
Exposição Diálogos Expostos, coletiva. Fotografia de Sandra Alves.
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DIÁLOGOS

Exposição Diálogos Expostos, coletiva. Fotografia de Sandra Alves. Exposição Diálogos Expostos, coletiva. Fotografia de Sandra Alves. – O que a gente percebe é que há todo um discurso em torno da necessidade do diálogo. é uma das máximas no campo das artes.
– Um valor instaurado, entendo.
– Mas, na verdade, o que acontece não é bem isso. Na maior parte das vezes, as pessoas chegam com a ideia pronta e querem que a instituição a viabilize. Nesse sentido, não há muita diferença entre o campo das artes e o modo como se dialoga em outros setores da economia…
– Sei como é. Acho que a relação entre artista e instituição, ou mais recentemente, entre produtor e instituição, está um tanto prejudicada. A história recente nos ensinou a censurar (e não dialogar), como na ditadura. e quando a tal da democracia voltou, quase se extinguiu a cultura como instituição (governo Collor). Somente agora estamos nos acostumando com uma certa estabilidade, sempre precária…
– E o Espaço 2?
– É uma tentativa de criar mais um canal de diálogo.
– Você sabe que a lógica do complemento (nesse caso, o Espaço 2 em relação ao Espaço Fernando Beck) é de se tornar o centro, né? Preparem-se, eu acho que o 2 logo virará o 1.
– A ideia é chamar áreas distintas para conviverem aqui.
– Gosto muito dessa proposta de se abrir um espaço como uma caixa de ressonância, como um laboratório cujo experimento primeiro é a conversa.
– Vamos ver se funciona.
– Sabe, esse título “Diálogos Expostos” faz pensar na ambiguidade da palavra “exposição”, que vem do latim expositivo. A princípio e ao mesmo tempo, esse termo tinha três acepções: 1) o sentido figurado de “explicação”; 2) O sentido literal de exposto, ou seja, de se expor alguém (uma criança abandonada, por exemplo); 3) o
sentido geral de uma exibição (como utilizamos hoje em dia).
– e me fez lembrar de uma conversa que eu tive com um monge dentro de um mosteiro. Na verdade, foi um diálogo cego. Porque falamos através de uma “roda dos expostos”. A “roda” foi um mecanismo utilizado desde o século XVI até o XX para abandonar, expor na linguagem da época, recém-nascidos que ficavam ao cuidado de instituições de caridade. O mecanismo tem a forma de
tambor ou portinhola giratória e fica embutido numa parede. Era construído de tal forma que aquele que expunha a criança não era visto por aquele que a recebia. Voltando a conversa com o monge, é por isso que eu não o via.

por Fernando Boppré

SANDRA MAKOWIECKY apresenta JULIANA HOFFMANN

PINTURA | Juliana Hoffmann, Escadaria do Rosário, 2013. PINTURA | Juliana Hoffmann, Escadaria do Rosário, 2013.

Nascida em Concórdia, Santa Catarina, em 1965, vive em Florianópolis desde pequena. Juliana Neves Hoffmann é artista autodidata. Desenvolve trabalhos de pintura (acrílica sobre tela) e nos trabalhos mais recentes vem incorporando a fotografia à pintura criando camadas de sobreposição de imagens. Sua trajetória inclui uma exposição coletiva no Museum Castello de Rivara, Centro d´Arte Contemporanea, Turim, Itália, em 2005, duas individuais no MASC – Museu de Arte de Santa Catarina (1991 e 2004) e uma individual no Museu Histórico do Palácio Cruz e Souza, em 2008. Em 2007 participou da 1ª Bienal Internacional de Sorocaba – curadoria Francis Dosne – Menção honrosa. 2009 – Tribut à Xul Solar –Paris – França. 2011 – Mostra “Contaminações” Museu Histórico-Palácio Cruz e Sousa. 2012 – “Olhos da Alma” MASC – Florianópolis. Em 2008 juliana participou do “No Boundaries” International Art Colony – North Carolina-USA. Ao ser convidada para compor a equipe com a tarefa de escolher um trabalho em pintura e ao ouvir que o elemento integrador da exposição seria a cor vermelha, imediatamente me veio em mente o trabalho de Juliana Neves Hoffmann. Assim, unia três elementos importantes: pintura, cor vermelha e um trabalho que me chama a atenção, fala de cidades, tema que adoro e adoto em minhas pesquisas. A nossa cidade, outras cidades, muitas cidades, qualquer cidade. Este trabalho apresenta a escadaria e a igreja de Nossa Senhora do Rosário (Centro, Florianópolis) em destaque. Com a virada midiática do século XX não tem mais sentido pensar as mídias como formas estanques, pois passamos para o outro lado da margem: não se trata mais de procurar os limites, muito pelo contrário, passamos a valorizar a ruptura das fronteiras entre as mídias e, consequentemente, entre as disciplinas. O trabalho de Juliana, nesta obra, apresenta um derretimento do modelo da imitatio, uma passagem da representação para a apresentação, que tende para a performance e para se ver a arte e a literatura como eventos. Evento, nesse caso, mais para passagem do tempo, passagem de uma cidade a outra. A cidade que existe, a que gostamos, a que queremos, a que não temos. Um pouco de nada e um pouco de cada.

NÉRI PEDROSO apresenta FRANZOI

A pesquisa de Franzoi, artista que vive em Joinville, integra a série “Nós em Nós”. Expandida, a construção resulta ora em objetos, ora em intervenções, instalações ou em sites specifics. Mutantes e efêmeros, os trabalhos se moldam de acordo com o espaço. A cada montagem, novas mutações imagístico-formais alcançadas com acurado rigor e precisão. Em infinitos desdobramentos, linhas superpostas e entrecruzadas delineiam um estranho mapa em que textura, cor, volume, corpo e víscera inventariam o ser humano em sua complexidade. Flutuantes ou não, inesgotável proliferação, triviais e, às vezes imperceptíveis, as amarras são como espirais do tempo em denúncia da situação-limite da existência contemporânea. Franzoi (Taió SC 1969), artista visual e curador independente. Formado em educação artística pela Univille em 1991, fez pós-graduação pela ECA/USP e pela Univille, em 1993. Em suas obras, utiliza roupas velhas ou livros que, numa ação construtiva, são reelaborados de acordo com o espaço expositivo. Entre 1997-2000 coordenou a Casa de Cultura de Joinville e, entre 2009 e 2012, o Museu de Arte de Joinville. O trabalho de Franzoi ajusta-se à proposição feita pela Fundação Cultural Badesc. É uma representação do Norte do Estado e um artista com uma trajetória substantiva em favor do circuito de Santa Catarina.

INSTALAÇÃO | Franzoi, Visceralis, 2014. INSTALAÇÃO | Franzoi, Visceralis, 2014.

ISABELA SIELSKI apresenta KELLY KREIS TAGLIEBER

GRAVURA | Kelly Kreis Taglieber, Sorrisos, 2013-2014. GRAVURA | Kelly Kreis Taglieber, Sorrisos, 2013-2014.

Kelly Taglieber parte do desenho e expande sua linguagem descobrindo intersecções. Desenha pinturas, grava desenhos, desenha gravuras. E nessa constante experimentação descobre novas formas para a antiga técnica da gravura – Gravura digital. O trabalho aqui apresentado faz parte de uma série de rostos inventados por Kelly os quais ela chama de “Sorrisos”. Inspirados ou não em nossa realidade, esses rostos em determinados momentos, sorriem para o espectador. Além das gravuras fixas na parede, o trabalho se completa com pequenas imagens as quais a artista coloca junto a uma “urna” para que o espectador tome sua decisão frente aos fictícios personagens políticos, para os quais ela cria Partido, Sigla, Número e Nome próprio. Em suas próprias palavras: “Unir arte e política nunca foi meu objetivo. Nunca fui de levantar bandeiras para um partido ou outro. De fato, não gosto muito de política, embora eu saiba que ela é o instrumento principal da democracia. Diante dos inúmeros incidentes de corrupção em nosso país, comecei a acompanhar os incidentes políticos que acontecem todos os dias diante dos nossos narizes. Observando a maneira com que são feitas as propagandas políticas, tenho a impressão de que no fundo estes candidatos estão rindo do povo. O nome “Sorrisos” vem em uma devolução irônica”. Originalmente em preto e branco os personagens receberam um tom ainda mais irônico com a adição do vermelho, especialmente para compor Diálogos Expostos. Formada em Artes Plásticas – UDESC, desde 2000 a artista participa de diversas exposições; sendo as mais recentes: 2012- Menção Honrosa (III Competitiva Nacional de Ilustração – UNEPAR), 2013 – Exposição Lote 7 (Coletiva) Fundação Museu Hassis, Coletiva do Grupo Arte&Afins “Passagem”, Exposição “Além do 3X4” e em 2013 -2014 – Cenas Urbanas (Coletiva) no Hall do Centro Integrado de Cultura e Estacionamento do CIC. Conheci a artista em suas exposições, e desde então, a experimentação e rigor técnico, unido ao seu diálogo ético e estético no campo da arte, já me chamavam atenção. Kelly amplia os campos em que se debruça a pesquisar, é intensa e persistente. Pareceu-me deste modo, a escolha acertada para compor os complexos Nós desta exposição.

NILTON TIROTTI apresenta INVERSO DESIGN

Uma das especificidades do Design é resolver problemas do cotidiano para atender uma demanda sócio/cultural, afinal, em nosso dia a dia interagimos com um universo de objetos funcionais sem mesmo perceber. Já, os designers vivem a sua rotina envolvidos com a dinâmica de usos e funções em trabalhos conceituais. O design não se limita ao sofisticado, o desenvolvimento técnico e estético atende também aos produtos populares com a mesma emoção e empenho, uma filosofia que valoriza o conceito do produto aliado a um pensamento sustentável, seja em sua produção, bem como na otimização da matéria prima utilizada. Luciferver é um rabo quente, denominação dada ao aquecedor de água, exemplo de design sem preconceitos que os designers: Irene Maldini, pós graduada em Design de Objetos Domésticos na Itália, Mestre em design pela Universidade Livre de Amsterdam. Trabalhou como designer e docente em escritórios de design e cursos de design no Brasil e no Uruguai. Atualmente é pesquisadora adjunta da Universidade Livre de Amsterdam na Holanda; Eduardo Sanches graduou-se pela UFPR, pós graduado em Design e Inovação pela Elisava, Barcelona e em Design Emocional pela PUC-PR. Atuou em indústrias e em consultorias de design em projetos de diferentes segmentos. Atualmente é designer sênior na Whirlpool Latin America, detentora das marcas Consul e Brastemp no Brasil; e Marcos Sebben graduado pela Univille – Universidade da Região de Joinville, MBA em Gestão Empresarial pelo INPG-SP. Atou em indústrias e em estúdios de design trabalhando em projetos de diferentes segmentos tais como maquinário agricola, utilidades domésticas, móveis e eletrodomésticos. Atualmente dirige o Estúdio Design Inverso com sede em Joinville – Santa Catarina. Reunidos em equipe aplicaram uma solução formal simples e lúdica ganhadora do prêmio If Design Awards. Adota o vermelho, como significado de calor, para definir a função básica do produto: aquecer.

DESIGN | Inverso Design, Luciferver, 2007. DESIGN | Inverso Design, Luciferver, 2007.

PHILIPPE ARRUDA apresenta MARCO GIACOMELLI

FOTOGRAFIA | Marco Giacomelli, Sobre águas incertas, 2014. FOTOGRAFIA | Marco Giacomelli, Sobre águas incertas, 2014.

Marco Giacomelli começou a expor seu trabalho documental de fotografia no ano de 2010, em galerias privadas e mostras de arquitetura. No ano seguinte fez sua primeira exposição fora do Brasil, numa galeria de arte privada, no município de Bethesda, Maryland nos EUA. No mesmo ano participou de exposições coletivas na Fundação Cultural BRDE e na Galeria Municipal de Arte Pedro Paulo Vichetti. Dois de seus trabalhos foram apresentados no festival internacional de fotografia “Floripa na Foto 2011”. Em 2012 integrou o programa de residência em “Fotografia Contemporânea / Novas Mídias”, com o artista canadense Scott MacLeay e participou também do Workshop Transmedia “What’s the Story”, do ICP, New York, co-organizado pelo mesmo artista. Este mesmo ano participou de exposições coletivas na Fundação Cultural Badesc e no Centro Coletivo de Arte & Comunicação. Em 2013 iniciou uma colaboração com Scott Macleay para o desenvolvimento artístico de seus projetos. Também participou da exposição coletiva “Fotografia Contemporânea Brasileira: Imagens, Vestígios e Ruídos”, no MASC. Em 2014 participou das Exposições : “Interferências”, no Espaço Lindolf Bell, no CIC, e “Perspectivas”, na Galeria de Arte Helena Fretta. Acompanho o trabalho do Marco há alguns anos, pois ele sempre me chamou a atenção. No início pelo domínio da técnica, coisa rara hoje em dia, depois pelos temas fotografados e pela busca incessante de qualidade aliado a criatividade. O Marco é um estudioso meticuloso e exigente e vem nos apresentando uma série de trabalhos inovadores, mas não esquecendo jamais das linhas e grafismos que sempre pautou sua trajetória. Hoje a fotografia é um suporte que oferece ene possibilidades de criação. Neste díptico políptico, se assim podemos chamar, que o Marco nos apresenta, produzido especialmente para esta Mostra, está a representação de quem faz fotografia, e não simplesmente de quem tira. Fazer fotografia é criar durante o processo e poder experimentar a cada momento, é apresentar um conceito que se apresenta na série de fotos interligadas e que contam uma história. O Marco está quebrando paradigmas e sua obra é fruto de muito estudo e experimentação ilimitada no processo criativo.

NEIDE SCHULTE apresenta ISABEL POSSIDONIO

Natural de São Bonifácio (SC), 1973, vive em Palhoça desde os 3 anos de idade. Passou a infância vivenciando com a família a coleta de objetos descartados, a reutilização e restauração para reuso. É formada em moda pela UDESC e desenhista de bordados há mais de vinte anos. Criou desenhos de estampas para coleções de grandes estilistas brasileiros como Mario Queiros, André Lima, Gloria Coelho e outros. Desde 2004 apresenta suas obras em exposições e desfiles, no Brasil e no exterior, em conjunto com o programa Ecomoda da Udesc. Arte, moda e sustentabilidade. Um trinômio de conceitos que se harmonizam entre cores fortes, texturas e formas orgânicas, que predominam nas obras junto com o uso de materiais inusitados: tecidos, metais, pérolas, tintas e outros materiais descartados. O universo feminino, os motivos florais e as técnicas artesanais reconstruídas, unindo passado e presente, são expressas com criatividade e emoção nas suas obras estéticas singulares. Conheci Isabel em 1998 num curso de desenho para estamparia na Udesc, foi uma das minhas alunas. Ela se encantou pelo curso de moda, prestou vestibular e se formou. Durante os anos de graduação participou de diversos eventos do programa de extensão Ecomoda, que trabalha com os conceitos arte, moda e sustentabilidade. Após se formar continuou participando do Ecomoda como ministrante de cursos e com suas obras em exposições e desfiles. É conhecida pela criatividade em reutilizar diferentes materiais descartados e transformá-los em obras estéticas que encantam o espectador. Nos últimos anos deixou o trabalho de desenhista em empresa e passou a se dedicar a pintura. Está se preparando para uma exposição individual de desenhos e pinturas com inspiração no universo feminino e nos motivos florais.

MODA | Isabel Possidonio, Atar-se/desatar-se, 2014. MODA | Isabel Possidonio, Atar-se/desatar-se, 2014.

BÁRBARA REY apresenta ADILSO MACHADO

VÍDEO DANÇA | Adilson Machado, O estado em que me encontro, 2010. VÍDEO DANÇA | Adilson Machado, O estado em que me encontro, 2010.

Natural de Sobradinho RS, adotou Florianópolis em 2005 ao ser aceito na audição do grupo Cena 11 Cia de Dança. Desde então vem desenvolvendo trabalhos artísticos em diferentes meios como dança, circo e vídeo dança. O espetáculo “O estado em que me encontro” faz parte de uma pesquisa paralela. É provocada pelo seu interesse na discussão da perfomance, ações simples, instalação, conjunto de – música, artes plásticas e dança – de forma que se estabeleça um pensamento sobre a dança. É uma construção de proximidade entre artista e obra, seus refluxos, identificações e contradições num jogo de co-dependência de organização no corpo – obra. Quando se pensa em vídeo dança tenta-se ter a mesma relação de dirigir ou coreografar uma dança presencial, os mesmos cuidados e princípios são utilizados. A grande diferença são relações de tempo e espaço, já que a câmera possibilita ver e ter o tempo diferente. Para a mostra Diálogos Expostos, procurei uma obra que melhor dialogasse com os outros gêneros, que se integrasse. Para isto escolhi um trabalho no qual em primeiro lugar fosse evidente a procura de comunicação, estética, textura, cor, movimento, intensidade. Ou seja, características que pudessem ser apreciadas independentemente de ser vídeo ou de ser dança. A dança se expressa somente no corpo protagonista, o corpo é a dança e o meio de expressão foi o vídeo.

RODRIGO GARCEZ apresenta GREGORI HOMA

‘’Doar-se ao processo. Criativamente presente. O momento de criação; o ato experimental que deseja e tem por fim a vida. Existir. Buscar a constância na ação/ato que permite ao ser o mero deguste. Degustar. Aguçar. Estar. Presença reformada; atrair corpos e repelir recalques. Experienciar. Testar. Estar ≥ Existir.’’ O texto em questão é de Gregori Homa, artista pesquisador sediado em Florianópolis, que têm focado seus estudos e obras na direta relação com o público. Em seus mais recentes trabalhos nota-se claramente essa intenção de aproximação: Playground, Incursio, Roupa Soja, Live.Porn.Cinema, Steverland e Logunéde; performance, dança, teatro, música, fotografia, instalação e videoarte. Obras que se diferem em suas estéticas e conceitos, mas que, no entanto estão diretamente interligadas pelo mesmo processo: intenções que ocasionam a desestabilização do público como agente passivo/consumidor em relação ao ato artístico. Em seu processo, o artista sempre esteve na busca do outro também como colaborador de sua obra, ampliando seu olhar para meios que possibilitem esse feito para além do ato presencial. Assim, busca formações como a de Olivier de Sagazan (2013), artista plástico/performer francês e participa de pesquisas no Departamento de Artes da UFSC. Na Fundação Cultural Badesc expõe pela primeira vez na cidade, a obra Logunéde (2013), uma videoperformance que fez parte da exposição coletiva e catálogo do 4º Prêmio Belvedere de Arte Contemporânea de Paraty – RJ. A videoperformance Logunéde reflete a identidade multifacetada do artista e também da própria natureza mítica do orixá em que se inspira: um ser entre o mundo da caça de seu pai e o marinho de sua mãe. Este ser em formação está refletido nos cacos de espelho e nos laços rompidos, onde o diálogo se dá pelos reflexos quase espasmódicos das imagens. Acredito que a exposição Diálogos Expostos refletirá este diálogo de subjetividades e que uma eventual performance ao vivo do artista há de reforçar este conceito.

VÍDEO PERFORMANCE | Gregori Homa, Logunéde, 2013. VÍDEO PERFORMANCE | Gregori Homa, Logunéde, 2013.

ACÁCIO PIEDADE apresenta DIOGO DE HARO

MÚSICA | Diogo de Haro, Prelúdio de Outono, Aracna, Non mesuré, Paisagem-colapso, Romance interrompido e coda, Petit non mesuré, 2012.

Natural de Florianópolis (1976), bacharel em piano pela UDESC e mestre em práticas interpretativas pela UFRGS, tendo sido também aluno de Paulo Alvares em Colônia, Alemanha, há muitos anos vem dedicando suas pesquisas à prática da improvisação e composição instantânea. Dentre suas principais realizações destacam-se o projeto “Piano e Bateria em Música Instantânea” (2013), gravação para internet em colaboração com o baterista Peter Gossweiller, financiado pelo “Fundo Municipal de Cultura” de Florianópolis (http://pianoebateria.bandcamp.com), e o projeto de cinema experimental, instalação e performance “Som e Chão” (2013) , com o artista plástico Tiago Romagnani, projeto premiado pelo Rumos Cinema (Itaú Cultural de São Paulo). É autor de diversas trilhas sonoras para filmes, peças de teatro e espetáculos de dança, destacando-se a trilha sonora do curta animado “Fundo” (2014), de Yannet Briggiler. Em meados de setembro de 2014 será lançado seu primeiro CD, “Paisagem em Colapso”. Diogo de Haro foi o primeiro nome que me veio à cabeça para o conceito desta exposição. Na sua graduação na UDESC já mostrava seu envolvimento com a composição, improvisação e performance de música contemporânea, tendo realizado diversos trabalhos experimentais com cinema e artes plásticas. Diogo evidencia que a criação musical não se limita à escrita em partitura, pois se encontra também no calor da improvisação. A imagem sonora vem à cabeça e o performer criador a entalha em tempo real, a forma se desenrolando no instante da criação. Entre o jazz e a música experimental, a sua sofisticada música está em algum lugar do pós-moderno, criando musicalmente o instante e trazendo resultados estéticos únicos que escapam ao papel. As seis obras escolhidas para esta exposição representam conceitos de improvisação recorrentes em sua carreira, que estão cristalizados em seu CD, “Paisagem em Colapso”, para piano solo.

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