RENDAS NO AR
SANDRA ALVES
ESPAÇO 2 | DE 02 DE OUTUBRO A 14 DE NOVEMBRO DE 2014
A exposição Rendas no ar foi um conjunto de ações que lançam olhar sobre a produção cinematográfica, tendo como foco o filme homônimo de Sandra Alves. Na mesma noite da abertura da exposição, ocorreu a estreia no Cineclube do longa Rendas no ar, o lançamento do fotolivro e a abertura da exposição, formada por
figurinos, fotografias, áudios-poemas e objetos de cena. O filme trata da necessidade de liberdade inerente ao ser humano, em oposição a uma situação de clausura: uma jovem marcadamente irreverente e indomável se depara com a opressão imposta por seu tutor na então cidade de Desterro, no final do século 19. Os objetos de cena da mostra foram concebidos pelo coletivo da Usina da Alegria Planetária e os poemas criados pela poetisa N.A, personagem da narrativa cinematográfica. Com a exposição, o objetivo dos realizadores foi compartilhar o processo do fazer cinematográfico, aproximar a comunidade além de estimular a curiosidade em relação ao filme, contribuindo para a reflexão sobre diferentes modos de fazer cinema. Sandra Alves é artista visual, fotógrafa e cineasta. Envolvida no processo completo da realização dos projetos e audiovisual, atua em diferentes departamentos, desde a concepção dos projetos, criação, direção, fotografia, roteiro, montagem, produção e finalização das obras.
APRESENTAÇÃO
Exposição Rendas no Ar, de Sandra Alves. A mostra reúne alguns objetos de cena, figurinos, tramados com poemas e imagens gestadas
pelo filme Rendas no Ar, dirigido por Sandra Alves e ganhador do Edital Catarinense de Cinema de 2011. Constituem memória e síntese do processo construtivo do filme e de sua poética e trazem para um olhar mais aproximado detalhes, minúcias e nuances, materializando
imagens e revelando mistérios.
No histórico complexo de Anhatomirim, tessituras e tramas foram criadas, miscigenando poesia visual, pesquisa, técnica, para dar luz a uma bela metáfora sobre aprisionamento e liberdade. Poemas de Negra Anastácia são a voz dessa liberdade, em vento e invenção.
A história de Ana, jovem sensível, rica e órfã, enclausurada numa ilha por um tutor mal intencionado, convida a refletir sobre alienação, dominação, sobre a erupção do feminino e sua força. Essa força se manifesta na figura de Lilith, que acompanha Ana em seu processo de libertação.
É um mergulho no trabalho das profundezas do ser, cheio de cantos e musgos, camadas e sombras, ao qual a coragem de ser obriga. Lilith é a iniciação, a conquista da própria consciência, o domínio da própria vida, vento mágico e misterioso sempre presente que impulsiona, protege e liberta. Movimenta. Salva.
Desenhada em negras rendas, imprecisa, oculta, misteriosa, Lilith se revela, gira, se desfaz/ refaz; está na febre da busca interna, está na janela pela qual a luz penetra, no espelho que reflete a cura do banho. É energia e instinto. É iniciáica. É por seu intermédio que Ana encontra a hora certa. Cores, imagens, movimentos, mesclam o concreto e o imaterial, rompem os limites entre o real, o sonho e o espiritual. Pelo olhar de Sandra, Lilith flutua, roda, tira do lugar, expressa esse tempo, profundo e sagrado, da própria descoberta. Para que Ana voe.
“Sendo eu vento podes voar em rendas e pensamentos…”
Gisele Peixe