TAXIDERMIA
AUGUSTO BENETTI
CURADORIA DE ANA LUCIA VILELA
ESPAÇO FERNANDO BECK | DE 18 DE JUNHO A 17 DE JULHO DE 2015
O aspecto de crônica presente no trabalho apresentado expressa a singularidade do autor, que enfatiza uma dimensão narrativa e irônica das imagens e textos. Augusto Benetti é formado em Artes Plásticas pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Sua formação, produção e atuação como artista se dá em Florianópolis. Seu trabalho é focado no desenho e seus desdobramentos com vídeos, objetos e instalações.
APRESENTAÇÃO
Exposição Taxidermia, de Augusto Benetti. 1. Vadiagem, vagabundagem, perambulação. Estar no mundo sem propósito. Tal modalidade de existência permite perceber as coisas em sua irremediável
incompletude: fragmentos, restos, lascas que serão, ao mesmo tempo, resguardados e expostos em sua radical parcialidade por meio de um receptáculo. 2. Tais receptáculos não são como as molduras, pedestais ou altares que elevam o ordinário à arte ou ao divino. Tampouco é profanação. Aqui os objetos são arranjados em sua igualitária indignidade. Protegidos pelo receptáculo
eles podem ser distribuídos em um ordenamento sem hierarquia submetido apenas a um desejo errante. Molduras negras são receptáculos. Nada a elevar, nada a dignificar.
3. Tal como a equivalência entre uma mão e um mamão, a fonte do humor vem da exterioridade, da aparência, da homofonia. O branco da página de caderno constitui-se como suporte de aproximações ridículas, impróprias.
4. Taxidermia: sem conteúdo, o que resta é a dar-se à exposição, a superfície, a pele é soberana.
5. Os fluxos são refluxos. Fronteiras friáveis fazem do sujeito um fluxo contínuo em que tudo é alimento e, simultaneamente, dejeto e desejo.
6. Sem etiquetas: não há chaves de leitura.
7. Encontrar o vil na origem da própria nobreza.
Ana Lucia Vilela | Curadora