A Fundação Cultural Badesc abre na quinta-feira (20/10), às 19h, no Espaço Fernando Beck, a exposição Partituras: Desenho do tempo, de Luis Arnaldo e Marcelino Peixoto. O trabalho exibe uma série de desenhos do tempo que foram executados a quatro mãos. A série é acompanhada de um vídeo performance que registra uma audição de desenho, ocorrida em um espaço preparado à escuta, para ouvir o ato de desenhar.
Cada um dos trabalhos que da série foi executado em sessão com durações pré-determinadas, entre duas e três horas. A demarcação temporal de cada sessão e sua súbita interrupção são responsáveis por deixá-los inacabados. Se por um lado, aponta para um esfacelamento da representação, por outro permite a visualização de tudo aquilo que serviu à construção da imagem, contribuindo à restituição do acontecimento.
O vídeo, que será apresentado juntamente com os desenhos, mostra a construção de um outro acontecimento, denominado Pequenas Audições. Ele aproxima o ato de desenhar da escuta do desenho, oferecendo a um pequeno grupo de ouvintes a microscopia do ato de desenhar. A sessão de duas horas ocorreu em um espaço preparado para a captação e emissão amplificada dos ruídos produzidos. Na exposição, será possível ao espectador, então, ver os desenhos e ao mesmo tempo ouvir os gestos de sua feitura.
“Em Pequenas Audições grifamos os sons próprios deste fazer, dando voz e vez ao que se perde, ou que está mormente como privilégio de quem executa. É decorrente da insistência da fricção do lápis sobre o papel a produção de uma sonoridade característica, que reverbera e faz fibrilar todo o corpo. Tal ação aparenta ao observador um exercício de resistência e atenção meditativa, em contínuo trabalho”, declaram os artistas.
Sobre os autores
Marcelino Peixoto é natural de Alvarenga (MG). É mestre em Artes Visuais e Bacharel em Pintura pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (EBA-UFMG). Professor de Desenho do curso de Artes Plásticas da Escola Guignard da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Mantém prática em desenho e performance, tendo como interseção Desenho, Corpo e Lugar. Orienta e desenvolve cursos voltados para execução de Ações coletivas de Desenho. Desde 2005 integra o Xepa — coletivo de estudo.
Luis Arnaldo nasceu em Campinas (SP). É bacharel em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) e em Artes Plásticas pela mesma instituição de ensino. Pesquisa o espaço e seus agentes formadores, tema problematizado na interface com o pensamento científico, sobretudo da geografia, da antropologia, da arquitetura e do urbanismo.